por Marina da Silva
Se você imagina que o assunto é Maradona, o el pibe argentino, enganou-se. El pibe é a forma carinhosa como os argentinos se referem ao maior ídolo do futebol, Dom Diego Maradona. Já o El P.I.B lá do titulo se refere ao Produto Interno Bruto, ou seja, o valor de toda a riqueza produzida no país. O PIB é um indicador econômico e se refere ao valor de todos os bens e serviços gerados em uma nação durante um ano.
Novas formas de calcular o PIB pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – divulgadas em21-03-2007, levou o Brasil para o ranking das DEZ maiores economias do planeta!
É inacreditável como uma simples mudança de cálculo foi capaz de operar tal milagre, pondo abaixo dogmas matemáticos como a ordem das parcelas não altera a soma, a dos fatores não altera o produto e um mais um é igual a dois. E não são somente dogmas matemáticos e estatísticos que irão vir abaixo não!
A mágica operada pela revisão dos cálculos pelos técnicos do IBGE joga o Brasil bem do lado do G8, antigo G7, os sete países mais ricos do mundo mais a Rússia. Aquele papo dos economistas e da mídia de que o crescimento do PIB do país, há uns dez anos, é medíocre, ínfimo, pífio é furado sem dó pela nova metodologia que não só mostra o crescimento do gigante que dormia dopado como a falácia de quanto maior o investimento maior o crescimento.
“O PIB cresceu mais com um investimento menor” é o que afirma o atual ministro da fazenda (Folha uol – 21-03-07) e para ele isso “é um sinal bom, porque significa que a economia, com o investimento menor _ frise-se esse fato _ cresceu mais! Teve uma produtividade maior”.
A magia é tão grande que o déficit nominal, seja lá o que isso signifique, caiu de 3,28% para 2.96% do PIB, a dívida líquida caiu de 51,5% para 46,5% e tudo com, pasmem, crescimento econômico! E a mágica irá reverberar sobre… o PAC – Programa de Aceleração do crescimento atrelado ao PIB.
Outra balela que não cola mais é o tal Risco Brasil, que impedia maiores investimentos no país, por medo da nação dar calotes nos investidores, principalmente estrangeiros.
A revisão dos números do PIB, pela nova e milagrosa metodologia desvenda para o brasileiro um país com déficit menor, divida menor e o crescimento maior no período de 2002 a 2005. Em 2004, por exemplo, o Brasil não cresceu 4,9% mas sim 5,7%! E o PIB de 2005 pulou de 1.937 trilhões de reais para 2.148 trilhões. Uma diferença de 211 bilhõezinhos! Eba!!!
Antes “o PIB era calculado em 43 atividades e 80 produtos e na revisão o cálculo passou a usar 56 atividades e 110 produtos, dados de pesquisa anual da indústria, comércio, serviços, construção civil e pesquisas domiciliares”. E que reviravolta! Novas variáveis chacoalharam e jogaram para cima o crescimento econômico do país e para baixo, variáveis antigas de 1985 que emperravam e falseavam o tamanho do bolo, isto é, da riqueza da nação!
E se os novos cálculos mostram que o Brasil tem crescido desde 2002, será preciso muita saliva e umas boas desculpas para convencer a população que a Décima economia planetária, é um país subdesenvolvido! E já tem economista de plantão queimando neurônios para convencer os cidadãos que as mudanças nos cálculos não altera nada, nenhuma coisa, titica nenhuma na vida dos brasileiros!
Saímos da posição de zero a esquerda a gigante da economia mundial! Estamos no primeiro mundo! Entre os dez mais ricos! É isso que a revisão do PIB pelo IBGE anuncia, assina embaixo e deixa às claras! Chega de subdesenvolvimento, terceiro mundo, república de bananas, economia tupiniquim! Dá-lhe Brasil!
Sobre a autora:
Marina da Silva. Casada, mãe de uma menina de quase treze, funcionária pública federal – TRT 3ª Região. Filiada ao SITRAEMG.
Bacharel em Geografia pelo Instituto de Geociências. IGC/UFMG. Especialista em Psicologia do Trabalho pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. FAFICH/UFMG.
Autora do livro: “Câncer de mama. De como quase morri… de medo! Belo Horizonte: editora Pelicano, 2005.
Escreve semanalmente no blog de câncer de mama: “Tudo de bom humor sobre o câncer de mama” – aatrocha.blog.uol.com.br