Dirigentes sindicais da categoria que integram o movimento LutaFenajufe criticaram as declarações com as quais a futura equipe econômica do governo Dilma Rousseff se ‘apresentou’ ao país, na quarta-feira (24), após reunião com a presidenta eleita.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmado no cargo, disse em entrevista à TV Globo que se depender do governo não haverá reajustes salariais para servidores no ano quem vem. “Para 2011 não estamos prevendo aumento para o funcionalismo”, disse. “Temos que evitar que essas propostas sejam aprovadas. O funcionalismo está ganhando bem, já demos vários aumentos para os servidores do Judiciário, do Executivo”, complementou.
Também foram anunciados os nomes de Alexandre Tombini, para a presidência do Banco Central, e Miriam Belchior, para o Planejamento. Da entrevista coletiva dada pelos três logo após se reunirem com Dilma ficou a impressão de que reproduziam exatamente o que a presidenta eleita pedira. Todos falaram em “austeridade fiscal”.
Greve terá mais adesões
“É uma triangulação entre Executivo, o Legislativo e o Judiciário para pegar a gente”, alerta Pedro Aparecido, diretor da federação nacional. “Tentam desmobilizar a greve [nacional], que está aumentando e a partir do dia 30 terá 12 estados com a entrada do Piauí”, disse.
Na avaliação de Antonio Melquíades, o Melqui, também diretor da federação e integrante do movimento LutaFenajufe, o que se observa é que o governo eleito agora defende medidas sobre as quais, antes da eleição, a candidata e seus coordenadores de campanha evitavam abordar.
Para Melqui, diversos estudos do economista Washington Lima, que assessora o SITRAEMG, demonstram que existem recursos e que a questão é de opção política. Só no ano passado, mais de R$ 380 bilhões foram gastos no pagamento de juros e amortizações da dívida pública. Outro estudo revela que o governo ‘infla’ o orçamento, que depois acaba não sendo executado, para justificar a inexistência de recursos para salários ou benefícios sociais.
Na reunião que deve participar com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, na tarde desta quinta-feira (25), Melqui pretende cobrar do ministro uma ação efetiva em defesa do projeto que revisa o plano de cargos e salários da categoria. Levará consigo números que mostram que o impacto do PCS é bem inferior ao alardeado pelo governo – de 10% na folha de pagamento do Judiciário para duas parcelas do PCS em 2011. Também reforçará o discurso de que os recursos existem e que a autonomia do Judiciário deve ser respeitada.
A reunião está prevista para ocorrer entre as 16 e as 17 horas, no intervalo para o chamado cafezinho da sessão do STF. Os servidores devem perguntar ainda a Peluso sobre a audiência com o presidente Lula solicitada pelo tribunal. A direção do STF informou, na quarta-feira (24), que ela não ocorreu e nem estava ainda marcada.
Há ainda a informação da direção do STF de que Peluso pretende se encontrar com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, para tratar da questão. A notícia, porém, deixou os servidores preocupados. “Sabemos que não adianta conversar com os ministros, precisa falar com o Lula”, disse Pedro Aparecido.
O quadro atual em Brasília, avaliou Melqui, exige uma mobilização maior da categoria. “Precisamos pressionar mais”, conclamou.
Por Hélcio Duarte Filho, para o SITRAEMG