No intervalo entre as duas assembleias realizadas ontem (sábado, 17), na sede do SITRAEMG, foi cedido espaço para que Renata Aparecida Gonçalves, Ana Lúcia Moreira e Gilmara Aparecida Arco-verde, professoras da rede de ensino estadual e representantes do Sind-UTE/MG (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação em Minas Gerais) falassem sobre a greve daquela categoria que completava 102 dias. As professoras se queixaram da intransigência do governo de Minas nas negociações e no complô que se estabeleceu entre o Executivo, Ministério Público e o Judiciário Estadual e culminou com a decisão do desembargador Roney Oliveira, do Tribunal de Justiça, na sexta-feira, 16, de conceder liminar a ação ajuizada pelo MPE determinando a suspensão da greve da categoria. Mesmo assim, garantiram as professoras, a greve continua.
As representantes do Sind-UTE/MG pediram o apoio dos servidores do Judiciário Federal ao movimento paredista e convidou a todos para a Assembleia Estadual que será realizada nesta terça-feira, 20, na Praça da Assembleia Legislativa, em Belo Horizonte, para avaliação da decisão judicial e do movimento. Na mesma data, entra em pauta, no plenário da Assembleia Legislativa, o projeto de lei de iniciativa do Executivo que versa sobre o salário da categoria, que é contra a matéria porque ela não avança em nada em relação à proposta inicial do governo. Enquanto os servidores reivindicam o Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN), regulamentado pela Lei Federal 11.738, que hoje é de R$ 1.187,00, a proposta de lei estipula um piso de apenas 736,00.
As professoras chamaram a atenção dos colegas do Judiciário Federal para os perigos que poderão advir da postura omissa do governo de Minas em relação à educação desde a administração Aécio Neves. Os salários ficam cada dia mais defasados e, não obstante, o atual governador implantou a remuneração por subsídio que, além de não reajustar os vencimentos, ainda os congela, prejudicando a carreira da categoria e, sobretudo, os servidores mais antigos.
As sindicalistas também denunciaram as contratações que estão sendo feitas pelo Executivo para suprir a falta dos grevistas. São profissionais com formação totalmente inadequadas às disciplinas que estão ministrando, o que vem trazendo enormes prejuízos para o aprendizado dos alunos. Outra medida absurda – para não dizer ridícula – do governador foi a de oferecer, pela TV Minas, aulas para os alunos do terceiro ano do ensino médio com o objetivo prepará-los para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
“A nossa greve é muito mais do que uma briga pelo nosso salário. É uma briga da sociedade pela educação”, resumiu uma das professoras presentes. E com base no que ouviram durante os debates dos servidores do Judiciário Federal sobre o PCS, uma delas fez o seguinte alerta: “Não deixem que as ideias dividam vocês. As divergências nos fazem crescer, mas somente se soubermos lidar com elas”.