A movimentação dos servidores do Judiciário Federal, que decidiram entrar em greve por tempo indeterminado após realizarem 48 horas de paralisações, já incomoda e preocupa a administração do Supremo Tribunal Federal. É o que avaliam dirigentes sindicais, que apontam a marcação da audiência com o ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, como reflexo da pressão da categoria. “Eles parecem estar preocupados que a greve atrapalhe o cumprimento da Meta 2”, afirma Pedro Aparecido, dirigente da federação nacional (Fenajufe) e do sindicato do Mato Grosso (Sindijufe).
Ele faz essa avaliação com base na reunião da qual participou com o diretor-geral do STF, Alcides Diniz da Silva, na sexta-feira 13, em Brasília. Segundo o dirigente sindical, Alcides mencionou a Meta 2, que só teria sido atingida até agora por nove dos 91 tribunais federais e estaduais do país. “Eles estão com medo da greve”, afirma Pedro Aparecido. A Meta 2 é parte de uma resolução do Conselho Nacional de Justiça, que tem como objetivo julgar todos os processos distribuídos até 31 de dezembro de 2005. Outro aspecto que aparentemente preocupa o Supremo é a Semana de Conciliação, marcada para o início de dezembro.
Assembleias preparam greve nacional
Para Claudio Klein, diretor da Fenajufe e servidor do TRF de São Paulo, a audiência com Gilmar Mendes prevista para quinta-feira já reflete o aumento da pressão do movimento grevista. “Isso demonstra que temos que construir e fortalecer a nossa greve”, defende. Os servidores do Judiciário Federal de Brasília decidiram, na assembleia realizada na tarde da segunda-feira 16, manter a greve por tempo indeterminado, iniciada em seguida à paralisação de 48 horas. Em Minas Gerais, o SITRAEMG convocou os servidores para ato público nesta quinta-feira, 19, no qual acontecerá Assembleia Geral Extraordinária para votar o indicativo de deflagração de greve. A mobilização será feita em frente ao prédio da Justiça Federal (Avenida Álvares Cabral, 1805), a partir das 12h, e a assembleia iniciará às 13h, em primeira convocação. Nos outros estados, a categoria realiza assembleias nesta semana para preparar a greve.
Os servidores do Rio Grande do Sul e do Maranhão marcaram a adesão para o dia 18. Os trabalhadores do TRE do Pará pararam já a partir da terça-feira 17. No Mato Grosso, a assembleia decidiu por começar a greve na quinta-feira 19. Nas Justiças Trabalhistas do Paraná e do Pará a greve começa na segunda-feira 23. A mesma data foi escolhida pelos servidores do Judiciário e do MPU de Alagoas, que fazem, antes, vigília na quinta-feira. Na maioria dos estados, as assembleias acontecem entre quarta e sexta-feira desta semana para definir o início da greve que tem a missão de levar o projeto de revisão e equiparação salarial sem perda de direitos ao Congresso Nacional.
Por Hélcio Duarte Filho / Luta Fenajufe Notícias, com informações
da Assessoria de Comunicação SITRAEMG