O barulho ‘insuportável’ das cornetas, batizadas de vuvuzelas em referência à Copa do Mundo que começa agora na África, foi mencionado pelo diretor-geral do STF, Alcides Diniz, assim que ele recebeu representantes do Comando Nacional de Greve em sua sala, logo após o ato que reuniu cerca de três mil servidores na tarde de terça-feira (8), em Brasília. “Ele falou que não conseguiu trabalhar, que os ministros [não aguentam mais] as vuvuzelas da greve, não aguentam mais esse barulho”, disse Adilson Rodrigues, servidor da Justiça Federal de Santos (SP) e um dos que participaram da reunião.
E foi após o ‘barulho’ da manifestação que reuniu servidores em greve de quase todos os estados do país, que o diretor-geral do Supremo confirmou que levará ao Ministério do Planejamento, nesta quarta-feira (9), uma posição fechada do Judiciário em torno da aprovação do PL 6613/2009, que revisa o PCS. Irá acompanhado dos diretores-gerais de todos os tribunais superiores.
Devem ser recebidos pelo secretário-executivo da pasta, João Bernardo, segundo cargo na hierarquia do ministério. “Ele reconheceu que demorou a confirmar a reunião, e [alegou] que o problema foi com o governo, não com o STF. Reafirmou que o Judiciário está com posição fechada e que ela será levada ao Planejamento para que se busque resolver a questão”, relata Adilson.
Comando de Greve cobra negociação direta
Segundo Diniz repassou aos servidores, o próprio presidente do STF, Cezar Peluso, já teria demonstrado descontentamento com o fato de outros projetos terem sido aprovados na Câmara, entre eles o dos funcionários daquela própria Casa, enquanto o do Judiciário está parado na Comissão de Trabalho (Ctasp).
Os representantes do Comando de Greve reivindicaram a participação da federação e dos servidores na reunião no Planejamento, prevista para começar por volta das 18 horas. Diniz ficou de levar isso ao presidente do STF e posteriormente retornar a resposta.
Os trabalhadores solicitaram ainda que Peluso receba a direção da Fenajufe nesse processo de negociação. O diretor-geral outra vez ficou de encaminhar a questão, avaliando que isso teria chances maiores de acontecer a partir de um eventual resultado mais concreto da reunião desta quarta.
Defesa do direito de greve
Os servidores contestaram as recentes decisões liminares contrárias ao direito de greve. “Nós levamos para ele a contradição que é o Judiciário tentar defender o projeto que é de sua autoria e o próprio Judiciário atacar a greve, que só acontece porque [a cúpula] deste mesmo Judiciário não agiu como deveria em [defesa] do projeto”, disse Adilson.
A reunião com o diretor-geral foi marcada por meio do sindicato de São Paulo (Sintrajud), cujos dirigentes, assim que confirmaram o encontro, convidaram a federação nacional a participar. Também estiveram na negociação os dirigentes da Fenajufe Saulo Arcangeli (MA), Zé (RS) e Valter (RJ). Participaram ainda o diretor da federação e do Sintrajud Antonio Melquíades, o Melqui, e servidor Rogério, do TRF paulista.
Por Hélcio Duarte Filho,
jornalista do Luta Fenajufe, especial ara o SITRAEMG