Governo oferece dinheiro público para salvar bancos

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, procurou tranqüilizar a população e os mercados financeiros na manhã de ontem (22), apesar de ter sido publicada uma medida provisória que permite ao governo socorrer, com dinheiro público e sem licitação, bancos em situação de crise.

Na entrevista coletiva para explicar a MP 443/08, ele garantiu: “Não tem banco quebrando”. Pela norma, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica poderão comprar ações de instituições financeiras, incluindo seguradoras e fundos de pensão, com problemas de liquidez (dinheiro disponível para uso quase imediato).

“O sistema financeiro é sólido, mas isso não o isenta de problemas de liquidez”, afirmou Mantega. Ele assegurou que o socorro é provisório. “Não é uma medida permanente.”

O ministro fez questão de tratar o assunto como uma “alternativa” aos bancos com problemas. Segundo ele, as instituições financeiras procuram outras para fazer incorporações fusões ou simplesmente venderem parte de suas ações. Com o governo como opção, isso pode dar um “conforto” aos banqueiros em crise.

Mantega ressaltou que a medida não significará a compra de instituições financeiras mal administradas – e não apenas vítimas da situação econômica atual. Ele afirmou que a avaliação do bancos, seguradoras e fundos será feita de acordo com as normas de mercado, avaliando-se a eficiência da instituição. “As regras são muito claras: vale Y, vale X ou vale Z.”

Socialização de perdas

Em discurso na ONU, em 23 de setembro, o presidente Lula criticou a atitude de governos e empresas diante do abalo econômico mundial. Ele condenou a “privatização dos lucros” e a “socialização das perdas”.

De forma parecida com a MP 443, o governo do EUA se propôs a injetar 700 bilhões de dólares nos bancos em crise. Na Europa, o socorro público superou os 2 trilhões de dólares.

No caso do Banco do Brasil, a ajuda não vem apenas do dinheiro público. Apesar de ser controlado pelo governo federal, a instituição estatal tem recursos de acionistas privados.

É possível que os donos destas ações não tenham recebido bem a MP 443 e tenham vendido suas participações acionárias. Hoje, por volta das 13h15, as ações do BB estavam em baixa de 8,23% na Bolsa de Valores de São Paulo.

Confrontado com a oscilação na Bovespa, Mantega manteve o otimismo. “O sistema financeiro brasileiro é sólido”, disse.

Ele e o presidente do Banco Central, Henrique Meireles, também presente à coletiva, saíram antes do término das perguntas dos jornalistas e não explicaram porque o Brasil passou a apostar no socorro ao sistema com dinheiro público.

Por volta das 13h15, o dólar estava em alta, com cotação de R$ 2,36. A Bovespa estava em queda de 5,38%.

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