Governo e oposição tentam fechar acordo para votar previdência complementar

Compartilhe

Servidores se mobilizam para barrar fundos de pensão

Governo e oposição definem estratégias às vésperas da votação do projeto que cria o Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público Federal [PL 1992/07]. O polêmico Funpresp deve ir a voto no Plenário da Câmara nesta terça ou quarta-feira [28 ou 29/02]. Mesmo com o parecer já lido em Plenário, o relator da matéria, deputado Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, ainda pretende discutir com o governo a solução para um dos últimos entraves do relatório: a formatação dos fundos para cada um dos três poderes.

‘Temos só uma discussão, que é onde fica o Ministério Público: se no [fundo] do Legislativo ou do Judiciário. Nós vamos ter uma conversa com o governo e com o Ministério Público Federal para tratar dessa questão.’

Segundo Rogério Carvalho, os principais pontos do Funpresp já estão definidos. Entre eles, a figura jurídica de natureza pública do fundo e a alíquota máxima de 8,5% como contribuição da União para o fundo. Apesar de o relatório prever a criação de fundos específicos para os servidores do Executivo, Legislativo e Judiciário, o PSDB defende um fundo único para todos os servidores federais. Mesmo assim, o vice-líder tucano, deputado Duarte Nogueira, de São Paulo, defende a aprovação do Funpresp.

‘Ele [projeto] avançou mais e deu mais segurança jurídica sob o aspecto da formação dos fundos que vão garantir as aposentadorias dos servidores públicos que estarão ingressando no serviço público federal a partir de agora, e garantindo o direito adquirido no tocante aos servidores da ativa e aposentados. Portanto, entendemos que a matéria poderá ser votada.’

Já o Democratas promete obstruir a votação. O líder do DEM, deputado ACM Neto, cita dois pontos que, segundo ele, precisam ser alterados no relatório.

‘Nós, Democratas, não fizemos nenhum acordo de votação da matéria e a nossa tendência é obstruir. Há uma série de coisas que precisam ser revistas. Primeiro é a sistemática de indicação dos integrantes desse fundo: é preciso haver um controle para evitar que as indicações sejam meramente políticas e uma das nossas sugestões é que haja sabatina do Senado Federal para aqueles que vão integrar a diretoria desse novo fundo. E, na nossa opinião, em um eventual prejuízo que esse fundo tiver nas aplicações e investimentos que ele realizar, não existe garantia de que os servidores não serão prejudicados.’

As principais entidades de servidores públicos federais também já se manifestaram contra a criação do Funpresp e estão convocando as categorias para fazer pressão nesta terça e quarta-feira, visando convencer os deputados a rejeitarem o projeto.

Prejuízos

Para o deputado Arnaldo Faria de Sá [PTB-SP], a proposta do Executivo cria para o servidor uma espécie de previdência privada, que pode a qualquer momento deixar de atender os direitos do segurado. “Um fundo de natureza privada fica sujeito à instabilidade do mercado e das crises econômicas”, destaca.

O deputado Policarpo [PT-DF] também é contrário à proposta e acredita que ela deveria ser mais discutida com os servidores e as entidades que têm interesse direto na matéria, antes da votação. “O único que quer votar neste momento é o Ministério da Previdência”, disse.

“Essa previdência complementar é muito incerta, pode ter um bom rendimento, mas, em um momento de crise, pode vir até a falir. É muito mais seguro para o servidor se aposentar pela média das contribuições do que receber pela previdência complementar”, acrescentou.

O deputado Policarpo lembra que, de imediato, a medida vai representar gasto maior para o governo, devido à perda de arrecadação resultante da exclusão, da base de contribuições para o regime próprio de Previdência, da parcela de remuneração dos servidores. Ele acredita que o deficit atual é conjuntural, resultante da redução do número de admissões no serviço público com a terceirização no Poder Executivo “Já no Judiciário, os servidores em atividade pagam com tranquilidade os aposentados”, disse.

As entidades sindicais que representam os servidores do funcionalismo público afirmam que o PL 1992 não resolve esse suposto desequilíbrio da Previdência e também questionam a existência do débito. “Vários estudos técnicos mostram que a previdência do funcionalismo não tem débito”, afirma Sérgio Ronaldo da Silva, um dos diretores-executivos da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal [Condsef]. Silva considera o projeto inadequado e diz que deve ser rejeitado, para que “um modelo adequado para a previdência continue a ser discutido”.

Conforme carta enviada pelas entidades contrárias à matéria aos parlamentares, “os servidores públicos civis têm sido os únicos alvos das reformas previdenciárias, enquanto o deficit dos militares federais e dos aposentados e pensionistas da segurança pública do Distrito Federal [custeados diretamente pela União por meio do Fundo Constitucional – FCDF] são cada vez maiores, sem que nada seja feito para esses dois segmentos, responsáveis por 43% do resultado de 2010”.

FONTE: Fenajufe, com informações da Agência Câmara

Compartilhe

Veja também

Pessoas que acessaram este conteúdo também estão vendo

Busca

Notícias por Data

Por Data

Notícias por Categorias

Categorias

Postagens recentes

Nuvem de Tags