Corregedor da Câmara não declarou um castelo à JE

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A polêmica envolvendo o novo corregedor da Câmara, deputado Edmar Moreira (DEM), que defende o fim do julgamento dos parlamentares no Conselho de Ética , trouxe à tona uma velha pedra no sapato: a origem do dinheiro para a construção do Castelo Monalisa, na Zona da Mata mineira. Há mais de 10 anos a venda por cerca de U$ 25 milhões – cerca de R$ 58 milhões – , segundo especulações imobiliárias, o dono do palácio não declarou o imóvel à Justiça Eleitoral em 1998, 2002 e 2006. O último documento apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registra um patrimônio de mais de R$ 9,5 milhões e constam imóveis no interior de São Paulo, Juiz de Fora e uma casa e um terreno na Praça João Teodósio de Araújo em Carlos Alves no valor de R$ 17,5 mil. Nada que se compare ao castelo de 7,5 mil metros quadrados de área construída, maior que o Castelo de Neuschwanstein, nos Alpes da Baviera, que inspirou o castelo da Cinderela de Walt Disney.

Com ares de resort, o imóvel no distrito de Carlos Alves, em São João Nepomuceno, agora tem todas as atenções voltadas para suas oito torres, 36 suítes, 18 salas, piscina com cascata, fontes, espelhos d’água e 275 janelas. São muitas as lendas em torno do castelo erguido a dois quilômetros do povoado de cerca de 2 mil moradores. Uma delas sustenta que um funcionário foi contratado apenas para abrir e fechar as portas e janelas. Somente na fachada são mais de 180 aberturas. Outra história que passou a ser contada, após a conclusão da mansão, em 1990, é que o prédio imponente abrigaria um cassino, caso o jogo fosse liberado no país. Dona Júlia, mulher do deputado, também protagoniza parte do folclore do castelo. Dizem que, enciumada com a compra da fazenda mais bonita da região por um irmão do deputado, ela pediu ao marido que construísse um castelo para ela. E ele fez. A estimativa é que em mais de uma década de obra a construção tenha consumido mais de R$ 10 milhões. A suíte do casal fica na torre mais alta do castelo e tem 110 metros quadrados.

A prosperidade financeira do deputado Edmar Moreira tem lastro. Desde 1983, ele explora um dos ramos de negócio que mais cresce no país, a segurança privada. Ele é dono da empresa Ronda – Empresa de Segurança e Vigilância Ltda, criada há pouco mais de 25 anos, com sede na avenida Tiradentes, 1.394, bairro da Luz, em São Paulo. O responsável pela Ronda é a mulher de Edmar, Júlia Fernandes Moreira, que também tem a mesma função em outra empresa do marido, a Centro de Formação e Treinamento de Segurança Itatiaia Ltda, fundada em fevereiro de 1988. Ela também tem sede no estado de São Paulo, mas desta vez na cidade de Ponte Pequena, na região Norte. Filho de um carteiro de Juiz de Fora e de uma professora primária, Edmar fez curso de perito contador e depois foi admitido na Polícia Militar e chegou ao posto de capitão.

REVIRAVOLTA Sua carreira militar foi interrompida por um episódio que escandalizou a sociedade juizforana, a época. Em 1968, em uma festa no Clube D. Pedro II, suspeitando que um rapaz tinha se engraçado com sua mulher, Moreira obrigou o moço a entrar de pijama na festa, escoltado por policiais, e humilhou-o na frente de todos. Acusado de “abuso de autoridade”, o capitão foi punido e afastado da ativa. Três anos depois, formou-se em direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Com o apoio de colegas de corporação, onde fez grandes amigos, Edmar foi pioneiro na exploração da venda de segurança privada.

Avessos a entrevistas, especialmente sobre o castelo, foi o filho, o deputado estadual Leonardo Moreira (DEM), que explicou a omissão do imóvel na declaração do pai. “O castelo era dele, mas há mais de 10 anos passou ser meu e do meu irmão. Por isso, logicamente, não poderia constar na declaração de renda do meu pai.”, disse o deputado, que lista em sua declaração de bens no site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a metade de três áreas rurais no distrito de Carlos Alves. Uma delas no valor de R$ R$ 3.183.766, outra de R$ 10.944 e ainda uma de R$ 1..500. O irmão a que se refere Leonardo é o delegado Júlio Moreira lotado no estado de São Paulo.

O deputado estadual confirma que o palácio está a venda a quase uma década por corretoras espalhadas pelo país. Ressalta ainda que o edifício foi construído com recursos das empresas do pai. “Por ser uma região muito bonita, cercada de montanhas, entendíamos que precisamos de algum empreendimento para alavancar o desenvolvimento regional. A ideia original era construir um hotel de altíssimo padrão para atrair turistas de outros países, mas desanimamos, pois não tínhamos estradas e nem aeroportos para atender esse público”, diz ele, desmentido que o castelo seja fruto do sonho da mãe, Júlia Moreira. Ainda segundo Leonardo, o castelo, inspirado em construções européias, está desabitado.

CASTELO MONALISA

“Um sonho de lugar” é como o texto do site se refere a construção inspirada em castelos europeus.

• 192 hectares
• mais de 7..500 metros de área construída
• 36 suítes com hidromassagens
• Oito torres, sendo a principal com oito andares
• 275 janelas
• salões para festas, ginástica, jogos e reuniões
• piscinas com cascata
• saunas
• lagos para pesca
• cozinha industrial
• área para campo de golf e de relaxamento

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