A nota, assinada pelo vice-presidente da Ajufe (Associação de Juízes Federais), Fernando da Costa Tourinho Neto, e publicada no site da entidade (www.ajufe.org.br), reclama da ameaça do advogado-geral da União de ingressar com medida para que não seja concedido o auxílio-alimentação para os magistrados e lembra que a categoria está há mais de seis anos sem reajuste, enquanto seus salários sofrem uma defasagem que já atinge o percentual de 20%. Reclama, ainda, que os juízes também não foram atendidos nos pedido de equiparação de direitos e vantagens com o Ministério Público, sendo-lhes concedido essa equiparação “apenas parcialmente”.
Diante de tantas demandas não atendidas, a direção da entidade acredita que “não está descartada uma futura deliberação pela greve”.
“Temos de tomar medidas corajosas, drásticas, para valer os nossos direitos; vamos fazer com que a Constituição seja respeitada, demonstrando que vivemos numa ordem de Estado de direito democrático legitimada pelo povo. Temos de ir à greve!”, conclui o documento.
Se os magistrados reclamam das dificuldades de garantir direitos e conquistar o tão esperado reajuste, o que dirão os servidores do Judiciário Federal? Porém, essa disposição dos juízes para um provável movimento paredista serve para mostrar aos servidores que, somente com união e muita luta, a categoria poderá garantir o PCS.
Confira íntegra da nota da Ajufe:
“A presidente da República peita o Supremo, ao não querer alterar a proposta orçamentária para dar reajuste salarial aos juízes.
O advogado-geral da União ameaça ingressar com medida para que não nos seja concedido o auxílio-alimentação, após ter garantido à Ajufe que não faria isso.
Estamos há mais de seis anos sem reajuste salarial. A defasagem já atinge o percentual de 20%.
Já fizemos pedidos administrativos e nada. A equiparação de direitos e vantagens com o Ministério Público (tivemos, na verdade, de nos humilhar para fazer tal pedido) nos é dada parcialmente e, assim mesmo, a decisão não é cumprida.
O CJF diz que vai fazer o repasse dos recursos para o pagamento do
auxílio-alimentação, depois, com receio da ameaça do advogado-geral, e, portanto, da decisão do STF, recua.
Fomos às ruas com o Dia Nacional de Valorização da Magistratura e do
Ministério Público, e, apesar da grandiosidade do movimento, o executivo não se sensibiliza. Até quando o Governo abusará de nossa paciência? *Quousque, tandem abutere, *Dilma, *nostra patientia? Quamdiu etiam iste tuus furor eludet nos? *(Até quando enfim abusarás, Dilma, de nossa paciência? Por quanto tempo ainda este teu rancor zombará de nós?)* *
Vamos nos acomodar? Devemos aceitar este estado de coisas?
Nosso presidente da Ajufe, Gabriel Wedy, já declarou que, se o Governo não for sensível ao nosso pleito, não está descartada uma futura deliberação pela greve.
É isso mesmo. Temos de ir à luta! Como disse Kant: “Quem se transforma num verme não pode queixar-se de ser pisado aos pés dos outros”. Nossos direitos não podem ser pisoteados impunemente! O que estão fazendo conosco constitui um desrespeito à nossa dignidade.
Temos de tomar medidas corajosas, drásticas, para valer os nossos direitos; vamos fazer com que a Constituição seja respeitada, demonstrando que vivemos numa ordem de Estado de direito democrático legitimada pelo povo. Temos de ir à greve!”
Fernando da Costa Tourinho Neto
Vice-presidente da Ajufe”