Em uma conjuntura política que não se difere muito da brasileira, o Governo de Maurício Macri e sua base de sustentação no Congresso argentino sofreram uma incrível derrota das ruas. Assim como no Brasil, a reforma da Previdência é a principal proposta do executivo para, supostamente, salvar a economia do país. Mas diferente de Temer, Macri não goza de rejeição de mais de 90% da população, e ainda tinha os votos necessários para levar a reforma adiante.
Contudo, nem o apoio dos deputados nacionais foram capazes de impedir a resposta das ruas e a derrota política de Macri. A agência de notícias Telam diz que a mobilização teve início às 8 horas, e que dezenas de milhares de pessoas se reuniram em diversos pontos da capital argentina, encontrando-se em frente ao Congresso por volta das 15 horas, quando os deputados começavam a chegar para a votação. Os manifestantes tentaram invadir a casa rosada, o que motivou uma violenta repressão policial. Cerca de 1500 policiais já estavam de prontidão com máscaras de gás, bombas, balas de borracha e caminhões com jatos d’água. O reforço policial se deu devido à confusão instalada na comissão prévia que discutiu a proposta na terça-feira.
A ofensiva policial feriu centenas de manifestantes e alguns parlamentares da oposição, que participaram do protesto em solidadriedade e se posicionaram contra a violenta repressão. Segundo o Jornal El País, ao menos dois deputados foram atendidos na enfermaria do Congresso, algo inédito.
A transmissão midiática que cobria tanto a grande violência nas ruas, como a confusão generalizada com direito a gritos e empurrões dentro do Congresso, chocaram todo o país, o que levou o Governo a uma derrota inesperada. Segundo o jornal argentino Clarin, o adiamento da votação, pedido pela deputada peronista Lilita Carrió, pode frustrar os plano de Macri de ter a reforma aprovada ainda este ano.
Deputados Macristas afirmaram que tentarão pautar e aprovar a reforma da Previdência na próxima semana. Mas a resposta das ruas, parece ter um assustado parte da base governista. A movimentação argentina demonstra que as manifestações e o povo unido ainda tem o poder de alterar o curso da política. É preciso seguir o exemplo dos trabalhadores argentinos e resistir bravamente aos ataques do governo Temer e sua reforma da Previdência.