Apesar de estar otimista, categoria reforça que só a mobilização e a pressão poderão aprovar o reajuste salarial e manterão atos públicos e paralisações
Os servidores mineiros do Poder Judiciário federal reuniram-se novamente na tarde de hoje, 11, para Ato Público e Assembleia, dentro das atividades em prol da aprovação do PL 6613/2009, o PCS. O encontro aconteceu em frente ao prédio de número 100 do TRE na avenida Prudente de Morais, em Belo Horizonte, e foi monitorado pela Polícia Militar, que temia uma movimentação intensa como a ocorrida no dia 5, por ocasião do “Apagão” (leia aqui).
Lúcia Maria Bernardes de Freitas, coordenadora-geral do SITRAEMG, abriu o ato passando os últimos informes sobre a tramitação do PCS. Infelizmente, as notícias não foram boas, posto que a sessão da Comissão de Finanças e tributação – CFT novamente foi cancelada, desta vez devido à convocação dos deputados para a Ordem do Dia do Plenário. O foco da pressão agora, segundo Lúcia, deve ser a Comissão Mista de Orçamento – CMO e a emenda aprovada na CFT há duas semanas, que dá aos três poderes autonomia para reajustar os próprios salários. A sindicalista ainda ressaltou a necessidade de não desistir de lutar: “vamos continuar na luta, porque não é possível que mais um presidente do Supremo [Tribunal Federal – STF] seja tão fraco e não defenda nem o próprio poder”, disse, fazendo uma referência à morosidade de Cezar Peluso, que dirigiu o STF antes do ministro Carlos Ayres Britto.
Durante a assembleia realizada ao fim do ato, os servidores votaram a favor da realização de um novo Ato Público com Assembleia na próxima quarta-feira, 18, de 12h às 14h, com paralisação de duas horas. Desta vez, o encontro será em frente à Justiça Federal (avenida Álvares Cabral, 1741, bairro Santo Agostinho), ocasião em que também haverá palestra com o economista e colunista do jornal do SITRAEMG José Prata Araújo, que falará sobre previdência do servidor público.
Categoria precisa permanecer firme
Ao microfone, Welington Gonçalves, servidor da Justiça Federal e presidente da Assojaf-MG, fez um alerta aos colegas para incentivá-los a descer e participar do ato: “a proposta do governo continua sendo zero de reajuste. Precisamos estar unidos, não estamos pedindo nada que não seja nosso direito”. Opinião semelhante tem o servidor do TRE Fernando Neves, que relembrou as várias categorias do funcionalismo federal que também estão em greve. “Há várias categorias em greve e o governo nem ao menos recebe os servidores”, reclamou Neves, acrescentando que “não estamos sozinhos – não podemos deixar passar a oportunidade de aprovar esse PCS agora, senão teremos aumento só em 2015, e olhe lá”.
Outro servidor da Justiça Federal, o oficial de justiça Marco Antônio dos Santos Silva, chamou a atenção para as estratégias do governo em disseminar boatos e notícias na grande imprensa para desmobilizar os trabalhadores, o que ele classificou como “canto da sereia”: “a categoria precisa abrir o olho, pois o governo quer nos enrolar. Estamos perdendo prestígio, salário e respeito e a solução é pressionar”. “A Dilma não quer valorizar o servidor, temos que brigar pelo nosso reajuste”, concordou Vilma Lourenço, também servidora do TRE.
Otimismo
Apesar das dificuldades, os servidores mostraram-se otimistas com a aprovação da revisão salarial. Para Carlos Antônio Ferreira, servidor do TRT conhecido como “Ovo”, disse acreditar no sucesso do PCS por ser um projeto do alto escalão do Judiciário – por isso mesmo, o servidor sustenta que a pressão da categoria precisa ser também nos presidentes dos tribunais superiores. “Os outros PCS só foram aprovados quando houve um acordo envolvendo a cúpula [do Judiciário]. As represálias e declarações dos presidentes dos tribunais superiores são uma prova de que a mobilização dos servidores está dando certo”, opinou Ovo, que também chamou os colegas para “engrossar” o movimento. Também do TRT, porém aposentada, Etur Zehuri disse também acreditar no PCS, mas só com forte mobilização. Ela defende, inclusive, greve por tempo indeterminado: “já demos tempo demais para esse governo que não nos dá atenção”.