Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria do SITRAEMGOntem foi um dia muito triste, confesso que sou um cara meio seco, mas não teve jeito, algumas lágrimas escaparam. Foi aprovado o mais maléfico projeto contra os pobres do Brasil, um projeto que consegue ainda ser pior do que a reforma da previdência. A terceirização, que por uma excrescência aqui é também uma quarteirizacão.
Não vou falar dos aspectos técnicos, na dita especialização do mundo produtivo, mas sim dos resultados, ao menos para o trabalhador Brasileiro, os terceirizados têm salários 30% menores que os demais trabalhadores, e muitos, muitos calotes e acidentes de Trabalho.
Me pergunto como algum trabalhador pode apoiar isso? Me lembrei então que houve um dia que não me enxerguei como trabalhador, xingava os sindicatos, reclamava dos funcionários questionadores da empresa. Hoje dou risadas quando lembro disso, tento levar minha antiga imbecilidade e falta de consciência de classe com humor.
Mas voltando aos motivos das lágrimas, assistindo a alternância de discursos ideológicos na câmara dos deputados, chorei pelo sofrido trabalhador Brasileiro, refém de uma cultura escravocrata, refém de um empresariado ruim, que pensa pequeno e de forma egoísta, um arremedo dos interesses internacionais que vê o trabalhador como algo descartável.
Pensei também nas crianças que trabalham, que estão fora da escola, que quando se revoltam, com a exclusão e invisibilidade social a que estão submetidas, pegam em armas e se tornam soldados do tráfico.
Me lembrei também da deterioração a que será submetido o serviço público com a possibilidade de terceirizações de todas as suas atividades, empresas que empregam apadrinhados, quebram e transferem suas dívidas para o Estado, sendo que o dono da empresa fica rico, já que geralmente faz uso de laranjas.
Percebi que não somos um país em desenvolvimento, mas sim de Terceiro Mundo, um comedor de restos, uma colônia dividida em capitanias hereditárias.
Lembrei por último que serei diretamente afetado, pois estudo almejando cargos do Estado através do concurso público, uma conquista da democracia, de outra forma, jamais conseguiria, pois não sou apadrinhado de ninguém, mas confesso que por isso tive vergonha de chorar, frente ao sofrimento imensamente maior do povo brasileiro.