Na segunda-feira (20), o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Morais, acolheu pedido do procurador geral de Justiça, Augusto Aras, para abertura de investigações visando apurar quem foram os responsáveis e/ou patrocinadores da manifestação do último domingo (19), em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília (DF), em defesa da intervenção militar no país, com o fechamento do próprio STF e do Congresso Nacional, além do retorno do AI-5, que cerceou as liberdades e culminou em perseguições, tortura e mortes de inimigos políticos no Brasil, durante a ditadura militar. Pelo menos três deputados estariam entre os envolvidos. Bolsonaro foi poupado pelo PGR, mas as investigações provavelmente acabarão chegando até ele e seus filhos Eduardo, Carlos e Flávio.
Ontem (quarta-feira, 22), o ex-ministro Ciro Gomes protocolou na Câmara dos Deputados, pelo PDT, o 18º pedido de impeachment do presidente da República. Entre os 17 anteriores, inclui-se o que foi apresentado por deputados federais e representantes de diretórios do PSOL, além de dirigentes de entidades diversas, artistas, jornalistas e outras personalidades de destaque nacional. Também ontem, o PT divulgou nota intitulada “Em defesa da vida, dos empregos e da democracia: Fora, Bolsonaro!”.
Em meio a um isolamento cada vez mais evidente de Bolsonaro, depois de tantas trapalhadas e demonstração de arrogância, incluindo sua postura pela reabertura da economia em pleno avanço do coronavírus e da covid-19 no País, o governo, visivelmente conduzido pelo general Braga Neto, ministro da Casa Civil, lançou ontem o programa Pró-Brasil, que no discurso oficial prevê a injeção de R$ 250 bilhões na economia, sendo R$ 200 bi através de parcerias público-privadas e R$ 50 bi em recursos públicos da União, para a execução de obras de infraestrutura e gerar 1 milhão de empregos. O plano, que o governo compara ao Plano Marshall, em referência – debochada, é claro – ao programa levado adiante pelos Estados Unidos para recuperação dos países aliados após a Segunda Guerra Mundial, ainda será elaborado entre maio e junho, para começar a ser implementado ainda em outubro.
Curioso é que o ministro Paulo Guedes estava presente na solenidade de anúncio do plano, mas não fez uso da palavra nem apareceu nas imagens e fotos divulgadas pela imprensa. Depois, foi divulgado que as medidas do governo não têm o seu respaldo, pois incluem gastos públicos.
O que está claro é que não só não é Bolsonaro que governa, como também não existe mais a pauta ultraliberal de Guedes. Na verdade, não passa de uma tentativa, de execução ainda incerta, de salvar o governo com um aceno por apoio dos partidos do chamado Centrão, cujas condições incluirão a distribuição de cargos e toda sorte de negociatas. E isso derrubará de vez a máscara do ocupante do Palácio do Planalto, que se diz representante da ruptura com a “velha” política.
Enquanto isso, membros do governo como os ministros da Educação, Abraham Weintraub, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, compensam suas incompetências para os cargos publicando mensagens de ódio pelas redes sociais só para agradarem ao “chefe”. E este, antes apoiado fortemente pelos endinheirados, agora conta apenas com seu séquito de fanáticos. Já o ministro Nelson Teich, ao contrário do antecessor Mandetta, não passa de “rainha da Inglaterra” no Ministério da Saúde, ofuscado por outro general, Eduardo Pazuello.
Se Bolsonaro cair, os trabalhadores, o serviço público e a população, como um todo, só irão agradecer. Com certeza.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil