Para servidor, notícia publicada em jornal voltado para economia reflete a força da greve que pressiona por avanços nas negociações
A greve dos servidores federais e estaduais da Justiça em 22 estados do país prejudica e causa transtornos a empresas. É o que afirma reportagem publicada na edição de sexta-feira (25) do jornal “Valor Econômico”, diário dedicado ao mundo financeiro e empresarial.
O texto, que teve chamada de capa, diz que o prejuízo decorre de as empresas não conseguirem liberar depósitos judiciais ou obter liminares para expedir certidões negativas de débito. “Uma multinacional paulista, por exemplo, está com cerca de R$ 1 milhão preso em uma conta que já foi liberada por decisão judicial”, diz trecho da reportagem.
“A reportagem apenas prova que a mobilização tem repercussão positiva para o avanço das negociações, que estão acontecendo justamente em decorrência da greve”, avalia o servidor Fernando Neves, da Justiça Eleitoral de Minas Gerais e diretor do SITRAEMG.
Assinado pela jornalista Laura Ignácio, o texto diz ainda que o “movimento é mais forte nas áreas federal, trabalhista e eleitoral”. Mas assinala que a paralisação atinge também as justiças estaduais de São Paulo, Paraíba e Ceará.
Os servidores do Judiciário estadual e federal de São Paulo protagonizaram, no dia 16 de junho, uma grande manifestação conjunta na capital paulista, que reuniu milhares de trabalhadores.
Abre a reportagem do “Valor Econômico” uma referência às vuvuzelas (cornetas) e apitos levados pelos servidores às manifestações. A repórter conta que na sessão do Supremo Tribunal Federal do dia 25 de maio, o ministro Ricardo Lewandowski não conseguia concluir a leitura de seu voto por causa do barulho provocado pela greve da categoria. Aquele dia marcou a adesão dos servidores de Brasília à greve nacional do Judiciário, iniciada no dia 6 de maio.
Não é a primeira vez que o incomodo causado pelas vuvuzelas a ministros do Supremo é mencionado publicamente. Numa reunião com integrantes do Comando de Greve, recebidos à noite após um ato público em frente ao tribunal, o diretor-geral do STF disse que o barulho vinha suscitando muitas queixas dos ministros.
A reportagem informa que na capital paulista “só 11 dos 90 cartórios da primeira instância trabalhista estão funcionando”, referência à Barra Funda, maior Fórum da Justiça do Trabalho do país.
O texto traz trechos de declarações de dois dirigentes da Fenajufe (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e MPU): Ramiro Lopez, do Rio Grande do Sul, e Jean Loiola, de Brasília. Jean critica recente matéria publicada pela “Agência Estado”, “que diz que os copeiros do Judiciário Federal poderão ganhar mais do que juízes” com a aprovação do projeto que revisa o PCS (Plano de Cargos e Salários). “Para começar, toda área de copeiragem é terceirizada”, disse o servidor.
Com uma tiragem na casa dos 70 mil exemplares, o jornal “Valor Econômico” pertence aos grupos “Folha” e “O Globo”. Principal diário brasileiro especializado em cobertura de assuntos ligados à economia, é lido basicamente por executivos e operadores de mercado.
Por Hélcio Duarte Filho, jornalista do Luta Fenajufe, especial para o SITRAEMG